20.12.07

cromoterapia

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Pintei de malícia, não ficou bom? What´s your favorite color, baby? All your living color. Sempre fico em dúvida, olhando todos os vidrinhos: desejo, malícia, obsessão, deixa beijar. Porque essa querência de tudo e tanto? Essa minha permanente dúvida geminiana; qual vai ser? A manicure bate o pé. Tá, esse! Quero usar todas. Quem não quer? Mas nem por isso precisa ser difícil, não um fardo, não esse medo de perder todo o resto. Essa semana fui de malícia. Semana que vem passo outra. Tem gente que não, mesma cor toda vez, até enjoar. Mas a fobia moderna é ter que passar sempre a mesma cor, mesmo que ela seja o máximo. Como ficar só no desejo, que é incrível, se existe o obsessão, que é tão exótico? Ter que fazer uma única escolha é uma crueldade, mesmo. What´s your favorite color, baby? Meia dúzia de adoráveis cores. Um tanto de cada, multicolorido.

*este ano não vou passar a virada de branco.

11.12.07

no way


















Era proibido. E ele ali, rindo das minhas graças. Proibido. Não pode. Aquele ímã puxando a gente. Mas não, sossega. E as pernas se encostando, calor, e que boca tão bonita. Mais caipirinha. E tá tão bom, ficar do lado dele me deixa leve. Pena que não dá mais. Inspiro o ar do teu encanto, expiro um desejo soberano. Escrevo no guardanapo. Entrego quando ninguém vê. Que pena. Já era? Já é. Vamos pra casa. Só nós dois.
Rendida. Teus olhos brilham. Tua voz rouca. A voz da tua alucinação. Meu sangue corre pelando nas veias. Todas as portas de mim abertas, escancaradas. Silêncio ensurdecedor. Emudeço. Transbordo. Desfaço. Não pode. Mas é.

29.11.07

verdades

O interfone toca: oi, sou eu. A porta abre. A moça sobe as escadas. Ele a recebe com surpresa: resolveu passar aqui? Ela: saudade. Ele a coloca sentada no sofá e pergunta se quer beber alguma coisa. Cerveja, ela diz. Ele vai até a cozinha e volta com os copos cheios e a cabeça transbordando. Ela bebe e observa: tá estranho. Fareja o ambiente como cadela, dá um gole desgostoso. Ele vai até o quarto e fecha a porta. Ela ouve barulhos estranhos: que tá fazendo? Ele diz que nada. Ela ouve o deslizar de tecidos no ar e perde o seu. Agora ouve o próprio coração bombando as artérias. Um terremoto dentro de si. Volta a sentar no sofá, toma a cerveja e fica muda de boca aberta. Ele volta. Ela diz que vai ao banheiro e espia o quarto: cama arrumada com lençóis limpos. Por que você trocou os lençóis agora?, pergunta. Pra você, ele diz. Ah. Uma batida descompassada em seu peito rompe o silêncio. As mãos dela suam, a cabeça dele esvazia.
Cinco anos se passam. O celular dela toca: oi, chegou? Sentam-se à mesa e pedem entrada. Suco de abacaxi e coca-cola. Ela, penne, ele fusilli. Os dois sorriem. Ela conta que transou com uma mulher. Conta que tirou fotos nuas. Ele reage com excitação nervosa. Tá com ciúmes!, ela diz. Nada, não sinto ciúmes. Claro. Mas conta, ela fala, já transou com duas mulheres? Ele: ao mesmo tempo, não. Ela: como assim? Ele: fiz coisas que você nem imagina... Ela: então já transou com duas no mesmo dia, assim, na seqüência... Ele: é. Ela: e uma delas era eu. Ele: pára com isso! Não vamos falar dessas... Ela: Então ela saiu e eu cheguei? Ele: mais ou menos... foi coisa de filme, de novela. Ela: ela se escondeu quando cheguei? Tipo no armário? Ele: não, pára Ela: não, agora quero saber... fala! Ele: ela saiu pela porta da cozinha. As lágrimas dela caem no penne. Ele sorri solidário, já faz tempo, não importa. Ela: transei com seu melhor amigo. Ele pede a conta, ela paga. Não tem sol, mas faz um calor infernal.

19.11.07

a menina e o vento



















E tanto tempo que não sei dessa doçura. Há tanto que não tão suave, que as palavras exalam da boca como perfume. E um cheiro tão bom, eu disse. Um suspiro, tudo ar, voar no vento, mergulhar num sussuro e sonhar com a chuva. Eu inflada e colorida, feito bola de sabão.
Lembro um livro que li na infância, A menina e o vento. O vento a envolve e a leva, a convida a ser brisa do mar. A menina diz: "a gente acostuma tanto a ser gente que não quer deixar de ser".
E eu, que tinha me esquecido o quanto é bom ventarolar, sim, quero ser brisa do mar.

1.11.07

nua

estava nua e exposta. minha cara de gozo. tudo ali pra quem tivesse uma senha. e todas as palavras, as histórias, noites, beijos, vacilos. exposta. pra quem quiser ver. basta digitar no google. pra ver mais, arrume uma senha. pronto.
o incômodo durou uma tarde. o por quê teve resposta no banho, quase escuro, água quente, diluídas as dúvidas. que artista não ficou em carne viva, à espera da fome alheia, pronta pra lhe devorar e saciar a ânsia, lhe preencher o vazio. qual nudez não foi castigada. que frase não foi culpada por surto ciumento do meio da madrugada. todo artista é um puto, vende sua intimidade e sua loucura, pra alimentar pobres almas, ávidas por um consolo, um alento, uma explosão, uma razão. revire a alma do avesso e tinja com um tanto de cor, lance luz indireta, descreva com frases absurdas. expor é transpor. antes ir do que ficar. quer mais? decifre a senha e venha.

9.10.07

efeito pimenta

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Assim: todos os canais e portas e poros abertos. Sempre assim. Cabeça vazia, corpo repleto, inteiro. Ele voltou pra me lembrar como é o lado de lá. Me intriga e me entorpece a cara que ele faz. Dolorida, olhos de endorfina. O que me espanta é o veneno, a ardência. E quanta petulância: como ousa? Me tirar do sério, virar mulé da vida, desatinada, tipo ‘faz o que quiser!’. Boca aberta, fio de baba, e fica me punindo quanto mais eu repito não. Assim não caibo nesse copo que transborda e alaga tudo, eu sabia, eu disse, assim não, meu deus, que é isso. Assim eu choro pra conter tanta vontade sem fim, sem chegada, destino, nada. Com ele embarco pra não voltar.

8.10.07

onda


















Queria um daqueles de tirar o fôlego, perna bamba, desorientada. Quem vai sacolejar essa coisa? Alguém, por favor, estremece tudo aqui dentro? Total flat, nem marola.

20.9.07

love keep on working


é bom ouvir a risada dele, a voz dele, mesmo no telefone. é bom lembrar dele, ter saudades dele, sonhar com ele. é bom pensar, gostar e esperar por ele. saber que ele está por perto, que me tem carinho e admiração. basta saber disso. e que delícia sentir as borboletas dançando no meu estômago quando penso no próximo encontro, no próximo beijo. que bom ser assim, uma menina. a menina que existe no meio de todo esse caos. já achei incrível um homem que me fazia mulher. mas ele. ele me faz querer ser uma boa garota.

11.9.07

vermelho

Festinha bem particular. Usei o brinquedinho que ganhei. Ficaria orgulhoso de ver como evoluí na criatividade. Me dei conta de como a coisa é boa. Um pouco duro demais, talvez (nunca achei que reclamaria disso). Consegui encaixar a base, que dá muitas outras possibilidades, na mesa de centro da sala, por exemplo, fica fixo! Vou te falar, é um brinquedo legal pra caralho. Ou caralho de brinquedo muito legal.
A festa era só comigo. E o PJ (esse é o nome dele, leia pi diei), claro. Mas ser vivo mesmo só eu, porque o PJ, apesar de toda a vibração, não tem calor humano. Mas nem por isso a festa ficou sem produção: a casa ganhou iluminação bacana, som bombando, filme rodando no muting e eu também me preparei. Os cabelos já estavam rebeldes da piscina, apenas prendi a franja com grampos. Um top de lantejoulas douradas, calcinha larga de tule preta, meio um shortinho, e sandália de salto. Festa assim tem essa vantagem: a escolha do traje é totalmente livre, sem risco de alguém perguntar quanto custa o programa. Deixei a boca bem vermelha, sombra dourada, rímel, corretivo pra tirar a olheira. Pronta pro PJ. Ele vibrou do mais fraco ao mais forte, por baixo e por cima, lambidas e no espelho vi que daria uma bela foto, ele em vermelho translúcido na minha boca. Acho que foi a TPM que me deixou tão disposta, a proximidade dos dias chatos aumenta a vontade de compensar com coisas prazerosas. Por isso o chocolate, junkie food e sexo. Sorte do PJ, tava inspirada. Até dei uns tapas nele, coisa que acho que só ele mesmo seria capaz de tolerar. Quando acabou, não dormi. Tomei uma água, dei uns tragos no beck e repeti a dose. Não tive vontade (nem medo) que ele fosse embora. Fiquei com uma preguiça danada e deixei que ele dormisse ao meu lado, todo melecado. Apertei o botão e ele apagou. Acho que estou apaixonada.

31.8.07

resposta

cama de luz2

E-mail que nunca tem resposta. “Nunca” pode ser um dia, uma semana. Ou simplesmente nunca. Os motivos pra falta de resposta do e-mail, da sms, do msn, da ligação não atendida, são sempre os piores. Pelo menos nas possibilidades criadas pela nossa cabeça. Começa numa esfera sensata pra descambar nas mais terríveis idéias, induzidas por total carência, insegurança e insanidade moderna.
Primeiro você pensa, ok, não deu pra atender. Ou, ele não deve estar no computador agora. Será que a mensagem chegou? Às vezes demora, às vezes não chega, se mando outra pode parecer desespero. Espero. Vai ver não abriu o e-mail pessoal, devia ter mandado no outro. Pode ter deixado pra responder com calma. Era um e-mail bonito. Será que disse alguma merda? Será que não gostou? Talvez me ache uma idiota. Pode ser que tenha me precipitado, foi estúpido o que escrevi, sabia, lendo agora me parece tão bobo. Devia ter ligado em vez de mandar mensagem de celular. Agora tenho que esperar, mas se não chegou nunca vai ter resposta.
Olha que linda a carta da Ana. To até vendo ela em Amsterdã, com seus passos delicados, contemplativa. Vou responder depois, com calma, e dizer que li enquanto pintava as unhas de roxo. Hum, tem mensagem! Podia ser alguém, sempre penso isso. Por favor, não seja uma promoção da Tim... Esse cara, puxa. Será? Quero sair hoje não, to podre ainda da noite passada, dei pra caramba. Melhor não, outro dia. Ih, não tem crédito pra responder, depois ligo.
Nada do e-mail. Mas por que? Uma resposta qualquer, por consideração, podia dar! Me tornei patética? Que foi que eu fiz?
Ah, não. Agora não to a fim de falar com você, veja bem, o status é “ocupado”, o que me dá o direito de não responder, fingir que não to na mesa, tenho muita coisa pra fazer (ericatz* says: so 1 min, to entrando numa reunião)
- Alô? Então, to aflita... porque você não me responde?

27.8.07

tudo ou nada



















Prefiro o grito, a ousadia, a verdade. Prefiro escancarado, o dito e feito. Lágrimas, confissão, olho no olho. Prefiro o caos, o barulho. A fúria, o fogo. Prefiro o inferno.
O brilho ofuscante, o perigo eminente, sol escaldante. Antes arder, suar, chorar, berrar. Melhor sujar, lambuzar, quebrar. Prefiro o risco, o tombo, a cicatriz. Prefiro tudo a me danar por nada.

22.8.07

this is it?

não não não. vou dizer que não. mesmo que ele fale comigo daquele jeito, mesmo que me chame daquele apelido, curto, sonoro, pianinho. daquele jeito que nunca ninguém.
não. fico aqui bem quieta. vou fingir de morta. assim vai ser meu protesto. silêncio.
vai precisar mais que apelido pra me amolecer. talvez um novo. talvez mais que palavra.

14.8.07

achados e perdidos

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Achou um grampo dourado na cabeceira. Sim, ela usava grampos. Mas os cabelos eram castanhos, portanto, usava grampos marrons. Mas estava ali, um grampo dourado. Com certeza uma loura havia passado por ali. Havia soltado os cabelos e pousado sobre a cabeceira o grampo, despretensiosamente. É provável que já nem se lembre dessa cena, mas sim do que veio depois: Renato pegando seus cabelos, ela tombando a cabeça pra trás, um olhar fixo, longo, a boca oferecida. Depois de um beijo, ele senta na cama e pede que ela tire a calça – mas deixe a calcinha, ele diz. Gosta de calcinhas. Fica a olhar, soberano e demente. A vira de costas pra alisar a bunda, apertar as polpas, boca aberta. O safado com certeza meteu a cara ali, lambuzou-se. Ficou horas virando e revirando a moça loura, cada vez de um jeito, incansável. Ele era assim. As garotas apelidaram. Incansável. E não era aquele treco chato de cara-que-nunca-goza e dá uma aflição. Era como dia na praia. Você deita no sol, dá um mergulho, deita no sol denovo, deita na sombra, dá uma volta, toma uma cerveja, come um queijo coalho, deita no sol, dá mergulho... assim vai, sem cansar, até se fartar e voltar pra casa.

Um grampo dourado. Renato no banho. Ela descabelada na cama amarrotada. Seu grampo marrom. Onde foi parar? Se levanta. No espelho grande que tem na porta do armário vê que o cabelo ta uma droga. O grampo! Procura na cama, embaixo dos travesseiros, no chão. Nada. Na mesa de cabeceira, só o brilho dourado do gancho de metal da loura. Pensa em largar o seu por lá. Haveriam outros? Mais grampos e presilhas, elásticos? Que se dane. Mira a mesinha de cabeceira. Tem uma pequena gaveta. Deve ter camisinha, bilhetes, KY? Se debruça na cama e abre devagar. Fotos, camisinhas (sim), um livrinho de orações. Quando remexe um pouco, se depara com um monte de grampos espalhados no fundo da gaveta.

A mesma cena se repete na sua cabeça, cada vez com uma mulher diferente: Renato pegando seus cabelos, ela tombando a cabeça pra trás, um olhar fixo, longo, a boca oferecida. Tem marrom e tem dourado. Pega um, prende as madeixas embaraçadas num coque. Veste a calça, a regata preta fedendo a cigarro, o sapato de oncinha. Bate na porta avisando que está atrasada. Na rua, os olhos borrados do rímel, lamenta a falta dos óculos escuros. Em casa, tira a roupa pro banho e lembra: a calcinha. Deixou em algum lugar do quarto a calcinha azul royal. A favorita. Imediatamente fica tranqüila. Ele deve guardar, afinal de contas. Numa gaveta especial, com cores e modelos sortidos.

13.8.07

sick and tired

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de sim, de não. de ressalva. previamente programado. pra não ir. cadê aquele cara incansável pra me levar? pra longe, pro mar, pra arder. cadê? e o que eu quero, ninguém pergunta? é só me dá me dá me dá. eu também quero, sabia? to fodidamente apaixonada. adivinha? não posso ter. não quero. quer saber? perdi o tesão. isso mesmo. nada de sacanagem. muita putaria deu nisso. pronto. enjoei.

2.8.07

me, drum and bass

fecho os olhos. o baixo vibra, lá embaixo. talvez estejam me olhando. danço. sentada, mas danço. baixo, bateria. baixo (é aí que faço biquinho de dummmmm). faz tempo que não me jogo na pista e me entrego. alone. leave me. certas coisas uma garota só pode fazer sozinha.

31.7.07

tudo assim

Fiquei ouvindo aquela música como uma prece. "É dia de te ver, que sorte grande".
E não é que deu certo?
***
Não tô conseguindo acordar. Meu quarto fica muito escuro, nem se nota quando amanhece. Atrasada. Não tenho horário, mas tenho chegado atrasada. Frio (vinho, beck, chocolate). Duro volver dos sonhos. Duro não lembrar. Essa noite tinha uma galera. Tinha você. E não sabia se você ia pra tal praia que todo mundo ia. Fui, na esperança. De vez em quando tem você. Se tem, não sei. Se não tem mais, já vem.
Tenho mania de relacionar palavras que eu digo com letras de música. E de repetir sempre a última palavra que disse numa frase. É irritante. Mas quem gosta de mim costuma assimilar esse traço esquizofrênico como uma graça. É que isso me dá tempo pra pensar. É que quando termino de falar já tô pensando em outra coisa. Desconexo. E muitas vezes não digo, porque já pensei demais. Tarde demais?
***
Meu coração ficou todo amarradinho. As palavras acuadas. É mesmo, meu amigo, uma grande confusão. Mesmo quando está tudo assim, calmo. O desejo é essa taça (a mais) de vinho.
***
Tem gente que pode viver assim, dando um pouco a cada vez, um pouco a cada um. E tem gente que não sabe dar se não for tudo, de uma vez. Porque distribuir assim parece injusto. Sempre alguém fica com menos. Culpa por não dar o tanto que se pode. Nunca é o suficiente.
***
Não pense que estou pensando isso. Não vai que pensar que. Deixa eu me explicar. Você pode fazer a idéia errada.
Confesso: não sei qual é a idéia certa. Não sei.
***
O vapor do chuveiro fez uma névoa. A espuma fez deslizar. A água levou tudo.

30.7.07

lei do desejo

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nada mais excitante.
judia. eu gosto. assim você me tem (sem ter).
vai. faz isso.
vira o jogo que eu me jogo.

mas vem. não demora.

25.7.07

frango ao curry

É quente, dá calor. Desperta até o sexto sentido. Inspira o sorriso, o suspiro. Ai. Come que é bom.
É pra ser apimentado, mas se você não aguentar... põe pouca pimenta, vai. Da malagueta. Chilli. Aquela bonita, compridinha, famosa. Agora vende solta no mercado, peguei duas e paguei oito centavos!
Para duas pessoas, pique uns 400g de peito de frango, meia cebola, azeite, gengibre ralado (uma colher de sopa), casca de limão siciliano ralada (uma colher de chá), um punhado de erva-doce, curry (uma colher bem cheia), uma pitada de pimenta do reino, sal a gosto, 1/4 da garrafinha do leite de côco. Ah, e a pimenta malagueta: corte ao meio e tire as sementes. São elas que ardem. Aliás, você vai ficar com as pontas dos dedos apimentadas, cuidado onde vai pôr o dedo depois.
Para acompanhar, faça arroz jasmim. Vende no mercado e as instruções vêm no pacote. É legal esse arroz porque dá uma aliviada no curry. Ele é levemente adocicado. Mas bem de leve mesmo.
Ok. Passe os pedaços de frango rapidamente na farinha de trigo e coloque na panela com azeite bem quente. Quando dourar, reserve. Na mesma panela coloque mais azeite e doure a cebola, junte o gengibre, a raspa do limão, a pimenta malagueta e o curry. Deixe um pouquinho para apurar e jogue o frango. Mexa com cuidado, com carinho. Jogue um pouco de água morna, mexa e tampe a panela no fogo baixo por uns minutinhos. Veja se formou um caldo consistente, brilhante, suculento. Pique a erva doce e misture ao frango com uma pitada de pimenta do reino. Por último, o leite de côco. Inspire o aroma... maravilha!
Sirva com o arroz jasmim. Dica: ele deve ser feito antes, se possível algumas horas. Caso não seja possível, faça primeiro o arroz (é rápido) e quando estiver pronto comece a fazer o frango.

*Para a sobremesa, asse banana prata, com casca, até que ela fique escura. Corte ao meio e povilhe açúcar a canela. Hummm, vai ficar um caramelinho. Aí é servir com sorvete de creme ou de chocolate.

E depois... um digestivo. Há.

18.7.07

dilema

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A esperança é a última que morre. Mas hesitei na hora do banho, gilete na mão: raspo ou não raspo? Não sei. Justo hoje eu tô assim, sem depilar. Raspo ou não? Mas aí fica coçando pra crescer. Melhor esperar até amanhã e ir na depilação. Mas e se hoje? Não, se for hoje tudo bem, fico no escuro, ele não vai se importar. Pô, mas eu vou! Não gosto de estar peluda assim. Bom. Não raspo. Quem disse que vai rolar alguma coisa? A esperança, ela é a última que morre. Mas fui tomada de descrença, conformismo. Caramba, eu quero ser uma boa moça.
Mas aí ele aparece, sozinho-inho. Me passa o beck, me pede massagem, me olha sorrateiramente, me diz sim sem dizer: é possível.
Uma das conversas embriagadas da noite: amor platônico é um amor esperançoso? Não, é conformado, eu acho. Sim, porque o fato de amar basta pra quem tem um amor platônico. Caso contrário, há esperança.
A esperança virou uma doidêra. Virou uma surpresa meio inacreditável. Um, “é mesmo? Mas o que tá acontecendo?” E até a gente chegar na porta de casa eu ainda fiquei pensando que ia te abraçar e você ia embora. Pensando que eu ia arriscar um beijo. E você quis entrar. Aí já sabia de tudo, mas não deu tempo de acostumar com a idéia. Justo hoje?
Eu querendo há tempos, chamando pra tomar café, vinho, chá, cachaça. Nada. Nem um refresco. Esquenta mas não queima. Eu querendo ser consumida até o pó.
Justo hoje?
A gente senta no sofá, fuma mais um tanto, bebe mais um gole e ele me beija. Fico tonta. Xixi, vou ao banheiro com essa desculpa, antes que desabotoe o botão da minha calça. Ele sentado, eu de pé. Tudo tão, tão... visível!
No banheiro me vejo no espelho, minha única amiga no momento. O que eu faço, heim? A gilete no box. Banho agora não dá, vai demorar. Até raspar tudo, o moço já dormiu.
Respiro fundo. Que besteira, vai que vai. Não tem mais jeito. Desistir, jamais. Não por causa de uns pelinhos.
Quero mastigar aquela boca, prende-la junto da minha, mas não tem jeito. Ela foge, escapa. A calça se vai. Os pêlos (porque?!) ficam. Foda. Não tem outro jeito, me agarro ao relaxa e goza. Mas, foda.
No dia seguinte, marco hora no salão. E aviso: te pego na saída.

24.6.07

domingo

A mão no meu peito, no coração, com calor de calma. E tudo vai dar certo. Quantas vezes já acordei num espanto, então é isso que é de verdade? Só ruídos da vizinhança, janelas fechadas, what´s the next?
Café com jornal, me, myself, um enfeite pro cabelo. O telefone toca, tudo segue. E tudo vai dar certo.

5.6.07

tua boca


Só via tua boca. Tua boca. Via tua língua. Ela viajava, eu delirava e sorria e te olhava, tua língua. Tua boca, uma carne de língua e dentes, brancos, minha língua nos teus dentes, lisos, meus dentes na tua carne que é essa boca. Ela é o começo e o fim, a entrada da virada, sem voltar.
Sempre ela, me chamando, um convite irrecusável, peguei teu rosto pra beijar. Tua boca. E assim não canso de repetir, tua boca. Não canso de olhar. Vamos acabar com essa agonia, você disse. O beijo interrompido. O beijo inacabado, adiado. O beijo que espera. Agonia, que remédio. Tua boca.

28.5.07

espera


Você não sabe o que me dizer? Então diga: “não sei o que te dizer”. Porque isso quer dizer muita coisa. E assim eu encho meu coração com um calorzinho de alento porque algum efeito eu causei. O efeito de te deixar confuso, sem saber o que dizer. Ou mesmo sabendo, com receio de dizer a coisa errada, ou a coisa certa na hora errada.
Só não deixa esse silêncio, o e-mail sem reply, que coisa feia. Eu checando de hora em hora, pra ver se não tem teu nome em negrito na caixa de entrada. E se tiver, terei medo. Meu coração vai disparar nos segundos que o gmail demorar pra abrir a mensagem. Uma parte dela já vai aparecer logo depois do subject. No gmail é assim, não sei se pior ou melhor antecipar umas palavras. Pode dar a idéia errada. O começo é só o começo, não é mesmo? Depois vem muita história. Que não acaba.
Fala alguma coisa. Nem que seja que vai deixar pra depois. Mas diz que ainda não é o fim. Me deixa esperar. Que nessa espera eu posso imaginar. Eu posso fazer planos e me preparar para o dia que você me disser sim. Posso pensar na tua reação quando eu fizer as coisas que você gosta. Quando eu puder experimentar as calcinhas novas que eu comprei, daquelas tranparentes. lembra? Posso ficar feliz com teu sorriso na minha lembrança, falando bobagem. Qualquer coisa serve. Mas fala.

7.5.07

oferenda


no peito, no baque, na quentura, entre as coxas
vacilo, um suspiro, treme
boca-carne,
olho teu. faísca, risada,
água pra molhar.
apetece, ofereço.

na garganta, grito abafado
beiço lambuzado.

24.4.07

copia e cola

flutua

ei,
não me mandaste o textinho, né, safado? eu te perdôo. e não perco a esperança de ver teu nome, em negrito, na minha caixa de entrada. com anexo. ou manda no corpo do e-mail mesmo.
como é sensual a linguagem internética, já reparou?
você manda no corpo do e-mail e eu dou control C control V.

26.3.07

ferve!

força

Te dar tudo e mais um pouco. Ajoelhar a teus pés e obedecer. O que você quer? Eu faço. Tudo pra ver tua cara de louco, pra escutar tua voz de demônio, pra te deixar com raiva de tanta vontade. Tudo pra gozar em cada centímetro, que tamanho é documento, mesmo assim, com essa identidade secreta, que você consegue o quiser. Você já nasceu um puto, um safado. Ninguém te ensinou. Quando te vi sabia. A mim não enganou: um diabo. Vendi minha alma sem pestanejar. E ganhei o céu no inferno.

7.3.07

LIÇÃO DE CASA

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Não inveje os dons alheios. cada qual tem um dom peculiar. Salve Maria.

28.2.07

samba


Minhas mãos suam, minhas pernas vacilam, mas, ainda bem, estou sentada e você segura minha mão esquerda. Os músculos da minha face brigam com meus neurônios transmissores - sorriso (nervoso). Então meu coração samba em descompasso e perde pontos – os jurados não perdoam. Tudo culpa daquela comissão de frente ostensiva, que entrou rápida e estabanada. Eu, bateria inteira: tamborins, bumbos e pandeiros. Surdos. E lá se foram a comissão de frente, as alegorias, os destaques e as rainhas gostosas que sangraram os pés nas sandálias. Se foi o carnaval, a avenida esvazia e cala. Já a bateria, não pára, pois é essencial.

21.2.07

amor por você


A primeira vez que te vi foi assustador. Que boba que eu sou. Um tremendo negão com aquela coleira prateda, língua de fora, excitado. Só muito tempo depois pude te conhecer de verdade e saber que era muita energia e espontaneidade que não cabiam em você, mesmo você sendo tão grande. Mas tua beleza era assim: era tanta que atraía mas assustava. Lembra como todo mundo falava de você em Alagoas, Mangue Seco, Praia do Forte, Caraíva? Também , com aquele acessório que teu dono te arrumou, né? Você tinha sua própria mochilinha nas costas e levava sua própria água. As crianças surtavam, "olha, mãe, o cachorro tá de mochila", e você ficava na sua, como se não fosse com você aqule estardalhaço na praia toda.
Mas naquela primeira noite que a gente se encontrou, naquela casa de vila onde o xô-piti morava, eu não sabia muitas coisas sobre cachorros. Mas foi com você, Jack, que eu aprendi a entender esses bichos. Claro que você era o mais bacana. Aprendi a falar com você, mesmo não sendo a língua que o xô-piti sabe falar, eu passei a conversar. E claro que você não sabia português, mas tenho certeza que você entendia minha intenção.
A gente se ligava muitas vezes na dor da saudade que ele deixava, na devoção que a gente tinha por ele. E a gente sabia que ele voltava, mas que não podia exigir. Quando eu olhava nos teus olhos cor de mel, quando você fazia aquele olhar doce, a gente se entendia.
Fiquei feliz quando você passou também a me ouvir e responder meus comandos. Eu podia te deixar solto na praça, você corria longe procurando as podreiras do lixo que você adorava comer, então eu chama "Jack!", e você logo suspendia a orelhas e vinha correndo em minha direção, pra se sentar calamamente ao meu lado.
Nas noites que ficávamos na sala esperando o xô-piti, ao ouvir o barulho do motor do carro dele, você logo me olhava como quem diz, "é ele". Mais emocionada fiquei quando me hospedei com vocês aquele mês, e dormia sozinha em meu quarto improvisado no porão... Você dormia um tempo comigo e de manhã, me visitava.
Chorei muito ao ver nossa foto, lado a lado, numa sombra em alguma praia da Bahia. Eu sorria para a câmera e você, tão lépido e robusto ali na areia, posando também. Aliás, acho que você gostava de posar pra fotos... era meio exibicionista, assim como eu.
Lamento nunca ter sabido direito fazer o carinho na orelha que você tanto gostava. Eu tentava, você até curtia, mas sei que não chegava lá... Esse carinho só o xô-piti sabia.
É Jack, a gente se entendia. E que falta você faz, que tristeza te perder. Ver teu prato de ração velho, o canto do quarto que você dormia, tu coleira solitária atrás da porta. Você, que tantas vezes consolou meu choro deitando a cabeça no meu pé. Agora choro por você. E o que me assusta é saber que não vou mais te ver.

8.2.07





Quem inventou esses poréns? Quem pôs em mim asas e me tirou o céu?

1.2.07

flor no cabelo

perfil_flor

Ah, eu não tô nada poética. Isso é muito subjetivo, coisa de filosofar o que é da carne não aplaca a fome. Ah, que coisa! Esses fios aqui dentro que ligam e religam e disparam e agitam. Tá vendo? Eu to sentindo. É a tal da química? As mesmas coisas continuam me chamando, atraindo. Só sei que é assim. Sem filosofia. Fatos. Verdades. Eu tô viva! Não tem uma chave que desliga. Tem controle? Talvez. Como pegar ou largar. Assim, você sabe. Eu pego. Ah, que coisa. Coisa é coisa e não precisa explicar. Você sabe. Sabe? Então. É isso.

31.1.07

profile




Eu sou livre, não quero ser limitada. Sou meio louca, exibida, sexual, sensual, rio alto, sou passional. Gosto de surpresas, de romance, de dançar, sou uma bomba atômica – sai de baixo. Sou doce, sou o demônio, sou indecisa, ciumenta, mandona, sou risonha, ótima cozinheira, sou devota, gosto de agradar, de fazer massagem, de servir, gosto de ser mimada, elogiada, de massagem nos pés, de beijos na nuca, na dobra do braço, que me olhe nos olhos bem lá dentro, de ser cobiçada. Gosto de escrever sacanagem, de pensar, ver, fotografar e fazer.

Adoro me maquiar, comprar batons e esmaltes, ir no brechó, salto alto, all star. Gosto de pequenas extravagâncias, como tomar prosecco à beira-mar, comer brie com geléia, cosmopolitan no balcão do bar.
Odeio luz forte, luz fria, ar condicionado. Não gosto que usem minhas coisas sem pedir e tenho ciúme do meu travesseiro. Faço uma zona mas quero tudo bem arrumado. Me enerva arrogância, ignorância, grosseria. Falta de cuidado, de respeito, de noção. Não gosto de enrolação. Me entedia caretice, formalismos, falta de educação. Acho muito irritante ver alguém comendo sem modos, que fale carregado o sotaque paulistano. Odeio Raul Seixas e rockinhos bestas, essa coisa emo, sei lá. Odeio, mais do que tudo, vomitar, trauma de infância. Não como camarão, ostra ou polvo. Não gosto muito de peixe. Não gosto de ser controlada, mesmo porque é impossível. Ainda não gosto de acordar cedo, mas já consigo.
Sonho conhecer Paris, falar francês, fazer filmes, cantar sem vergonha vestida de diva num palquinho enfumaçado. E como previa meu primeiro ex-namorado, ter um livro publicado.

19.1.07

especiaria

E.

Melhorei meu prato tailandês - vai gengibre, vai curry, vai pimenta, malagueta. Noz moscada, pimenta do reino, páprica picante. Casca de limão, manjericão, cravo, canela. Vai coco, que o doce vai bem juntinho do ardido. Os sentidos em brasa, coração fogueado. Mas doce, enfim. Com arroz jasmim.

17.1.07

vício

- Promete que nunca?
- Me arruma um adesivo, desses que colam na pele e descolam a paixão da gente.

16.1.07

volver


Na boca, teu caldo agridoce. Nas coxas, tuas mãos ternas como abraço inteiro. Reflexo no espelho, tão mais bonita de praia e mar. Gosto de ver, curvas sinuosas, marcas de biquíni. Sem esteira, sem silicone, sem freak chick e sem chilique!

8.1.07

rápido

ecurvas

Não tenho como. É isso. É assim. Agora sei. O sexo não salva sempre, nem sempre. Mas sempre ajuda. Mesmo que não seja tão bom. Mesmo assim uma gozada ok. Você venceu. Tava tudo perdido e aparece esse cara precipitado. Odeio quando passa rápido. E eu não tenho tempo de sorrir pensando que não vai acabar. Passou.