17.6.06

esse cara






quando chego no prédio, o vento desprende aquele perfume dos meus cabelos. na boca ainda o gosto de beck misturado com algo doce e cítrico. simples e mágico assim, como o caldo que se esparrama na língua na primeira mordida. inunda a alma de satisfação. sorriso claro, sem palavra me beija. mais sorriso, branco e perfeito. digo que gosto. gostei. quero. e ele dança o rap de cor, boné fincado tirando onda. dança na mesma temperatura, olha só, também sua nas mãos. abraço, no tecido fino da camiseta quase pele tão morena e músculos alongados no mar. uma fina corrente prateda no peito tão delineado. me faz olhar nos olhos, pede assim, olha aqui, gosto de você. não tem nem palavra, cantada ordinária, gata, nada disso, só me olhar e dançar no mesmo grau, tão suave e manso e tudo que eu queria, quando cheguei e vi. me deixa louca. embevecida. a veia saltada no pescoço. outro abraço e vejo tudo, sinto as costas, a cintura, o ventre. quero me livrar da roupa, noite sem fim naquela pele. nem te falo, atordoada. total. que cara foi esse?

12.6.06

tango






Sonhei que você ia embora. Que não me perdoava. Dizia "te amo" entre lágrimas quando acordei, assustada. Tenho é medo de te amar. Dá trabalho amar, é penoso o jeito intenso que eu amo. Mas quando começo a sentir teu cheiro na lembrança, quando sorrio no teu abraço, sua, deixo de pensar, então acontece. Uma merda qualquer, pode ser ou não de verdade, pode ser mal entendido ou vacilo mesmo. Acontece de separar você de mim. Meu amor por você se esconde. Ou eu me escondo dele. Medo que você também sente, porque sou difícil, eu sou foda. Faço um monte de besteira. Mas não é nada disso. Quer dizer, é isso. Mas porque sou medrosa. Porque você me enxerga. Porque tá tudo aqui e insisto em não mostrar. Porque você vê e quer que eu mostre. Porque sei que você me faz transbordar. Porque insisto na lama e em me danar. Porque tudo pode ser simples mas adoro complicar. Porque você também curte um drama, uma coisa meio tango, um beijo de despedida com meu batom 210 na esquina da Alfonso Bovero com a Caraíbas. Você me vê. Sabe de mim. Vou embora e não hesito em olhar pra trás. Já começo a te esperar quando some atrás da banca de jornais.