11.6.08

just be nice



















foto: Autumn Sonnichsen


Ele me dizendo como imaginava o jeito que cada mulher goza. E eu?, perguntei, como você imaginava que fosse? “nem conseguia imaginar”. Noto o delirio de me ver “gemendo bonito”, como se presenciasse um milagre. Fica sinceramente emocionado. Mais grato ainda que eu, diluída em névoa prata.
Explico cada tipo. Conto que agora foi um Estrondoso, o sangue borbulhando, um zunido agudo na cabeça, como se um foguete fosse sair das entranhas. Mas que há o Ensurdecedor, que de fato abala minha audição por alguns minutos. Aquele efeito que dá quando a gente muda de altitude muito rápido. Do inferno aos céus.
Tem vezes que dá vontade de chorar, soluçar, pedir que não, como fosse tortura. O Dolorido, rendido e longo. Assim como o Silencioso, um grito contido que dissipa devagar. Raro é o Energético. Acontece de ser tomada por uma disposição de dançar, cozinhar, falar sem parar.
Tem vez de misturar um pouco de um com outro, como aquela noite do bilhete ao lado da sua cama, “como fazem nos filmes”, fui pela madrugada. Um estrondoso, ao mesmo tempo dolorido e energético. Não pude dormir.
Múltiplos, cada vez um, muitos em um, mil e tantas noites, manhãs. Gozar não tem só a ver com o que se faz. Depende do quanto me sinto livre. Do quanto me entrego. Tem esse romantismo de carecer intimidade, que é proporcional à perversão. Quanto mais confio, mais gozo. É como se pensasse: pra me ver assim, desarmada e profunda, não basta ser gostoso, tem que ser firmeza. Tem que merecer. Não só por fazer direito, pelo seu belo pau, tua lingua astuta, tua pegada esperta ou tuas palavras sacanas. Mais que tudo, vou gozar por você ser um cara muito legal.