18.7.07

dilema

lounge8


A esperança é a última que morre. Mas hesitei na hora do banho, gilete na mão: raspo ou não raspo? Não sei. Justo hoje eu tô assim, sem depilar. Raspo ou não? Mas aí fica coçando pra crescer. Melhor esperar até amanhã e ir na depilação. Mas e se hoje? Não, se for hoje tudo bem, fico no escuro, ele não vai se importar. Pô, mas eu vou! Não gosto de estar peluda assim. Bom. Não raspo. Quem disse que vai rolar alguma coisa? A esperança, ela é a última que morre. Mas fui tomada de descrença, conformismo. Caramba, eu quero ser uma boa moça.
Mas aí ele aparece, sozinho-inho. Me passa o beck, me pede massagem, me olha sorrateiramente, me diz sim sem dizer: é possível.
Uma das conversas embriagadas da noite: amor platônico é um amor esperançoso? Não, é conformado, eu acho. Sim, porque o fato de amar basta pra quem tem um amor platônico. Caso contrário, há esperança.
A esperança virou uma doidêra. Virou uma surpresa meio inacreditável. Um, “é mesmo? Mas o que tá acontecendo?” E até a gente chegar na porta de casa eu ainda fiquei pensando que ia te abraçar e você ia embora. Pensando que eu ia arriscar um beijo. E você quis entrar. Aí já sabia de tudo, mas não deu tempo de acostumar com a idéia. Justo hoje?
Eu querendo há tempos, chamando pra tomar café, vinho, chá, cachaça. Nada. Nem um refresco. Esquenta mas não queima. Eu querendo ser consumida até o pó.
Justo hoje?
A gente senta no sofá, fuma mais um tanto, bebe mais um gole e ele me beija. Fico tonta. Xixi, vou ao banheiro com essa desculpa, antes que desabotoe o botão da minha calça. Ele sentado, eu de pé. Tudo tão, tão... visível!
No banheiro me vejo no espelho, minha única amiga no momento. O que eu faço, heim? A gilete no box. Banho agora não dá, vai demorar. Até raspar tudo, o moço já dormiu.
Respiro fundo. Que besteira, vai que vai. Não tem mais jeito. Desistir, jamais. Não por causa de uns pelinhos.
Quero mastigar aquela boca, prende-la junto da minha, mas não tem jeito. Ela foge, escapa. A calça se vai. Os pêlos (porque?!) ficam. Foda. Não tem outro jeito, me agarro ao relaxa e goza. Mas, foda.
No dia seguinte, marco hora no salão. E aviso: te pego na saída.

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