4.12.06

transcrição

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Sou tímida. Verdade, tá rindo de quê? Tá, eu sei que dou pinta de atirada... Posso até ser, mas tem que me pedir. Não é pedir assim, bobo. Tem que me ganhar, assim, pra me liberar. Fico tímida sim. Acho que é até sexy. Ah, porque rola uma transformação, sabe? Porque gosto de conversar, me excita. É, conversar sacanagem também. Putz, é bom demais quando acontece isso! Tem que estrar na sintonia, fazer essas coisas fora de hora pode até ofender. Mas eu gosto sim. Nos seios. Acho que é porque tem uma energia concentrada ali, que não cabe (rs). Aí transborda... Isso. Você acha? Não sei, nunca pensei nisso. Índio tem essa coisa livre com o sexo... pode ser, tenho sangue de índio. Olha, desculpa, mas acho essa pergunta meio besta. Fantasia é o dia-a-dia, é fechar os olhos, é um estalo, um segundo. Fantasia é fazer denovo o que foi gostoso ontem. Ah, mas tem uma coisa (rs). É engraçado. Mas isso é um segredo. Já contei pras minhas amigas e elas começaram a prestar atenção(rs)... É foda! É deitar nas areias do Rio, de óculos escuros(rs). Ficar observando os cariocas com aquelas sungas. Mas é de sacanagem mesmo! Sabe o que rola? Cara, é segredo isso! Ah, rola que os caras parecem que estão todos de pau duro(rs). Ou meia bomba. Aparece o pau deles direitinho, é impressionante! No começo eu achei que era viagem, mas aí comecei a reparar sempre e comprovei. Duas amigas também fizeram esse "exercício" (rs) e viram que é verdade...
Ah, é inspirador, né. Não são só vocês que ficam olhando as bucetas das minas de biquíni. É, nem precisa ser de biquíni. Já olha na calça mesmo. É, pena que não dá pra ver pau de homem de calça. Pena. Já? Foi rápida, né? Nossa, acabei te falando um monte de coisas... Como você é safado! Ah, jornalista é foda, não vale... A saideira? Pode ser.

15.11.06

assim





Não aguento, não faz assim. Não pára, não aguento. Nossa, como eu aguento? Será que faz mal? Loucura, que coisa. Faz mais, vem, fala comigo. E essa cara de sádico safado sem dó, "não é disso que você gosta?" Não aguento, não pára. Fala mais. Pega, beija, lambuza, se afoga. Esse brilho babão nos olhos. Baba, baby, vale tudo, eu posso, quero. Eu aguento. Ah, não faz assim. Faz, vem, não pára, não pára. Assim. É. Isso... Você ri, né? Não aguento. Faz mais?

22.10.06

vale quanto pesa




Tem a flor, a sonsa, a ruiva. Tem outras que eu não sei. Tem todas as mulheres, inimigas em potencial, como dizia a Tereza do Milan Kundera. Insustentável leveza do ser. Para Tomas, o ciúme de Tereza é um fardo. Mas o amor por ela é inevitável. Assim como sua procura por outras mulheres. Todas elas rivais de Tereza. Todas as noites nos pesadelos de Tereza. Ela sempre sabe. E Tomas sente esse impulso incontrolável. Mas depois de Tereza, precisa beber um pouco pra ir em frente, pra não pensar. Tereza sabe que ele será sempre assim, e isso é um fardo pra ela. Tereza e Tomas se amam, ninguém duvida. Sem Tomas, a vida de Tereza seria mais leve e, sem Tereza, a vida de Tomas seria mais leve. Mas a vida assim tão leve passa desapercebida. Passa, simplesmente.

amor de antes

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Não importa, se é felicidade de sorrir como você gosta ou tristeza de rolar as tais lágrimas que você tanto teme, sempre quero te dizer, quero te mostrar. E sinto que também você quer me falar, de todas as coisas. Sei que você gosta que eu te ouça, com atenção.

Pra falar de beijos, de aromas especiais, que não basto. Pra falar da lua, pra contar estrelas, ver outros planetas - isso é tão velho pra nós quanto este pedaço de papel que você emoldurou e pôs ao lado de outros quadros de imagens ainda mais distantes. Daquilo que fez você mas já não é.

Seria bom esquecer que você existe. Ou conformar-me com uma existência sem você. Seria bom não me permitir imaginar como vai a sua vida longe de mim, não sentir que você chegou da rua diferente, por ter se sentido vivo desejando experimentar novos sabores.

Seria bom se ainda fosse possível você me olhar com o mesmo profundo e infinito olhar com que me chegava na alma. Seria confortante ter sido a única a merecer suas declarações, traduzidas nas palavras exatas, com romantismo de um conto de fadas que não sei por quê permeia a ilusão de amor perfeito que toda mulher carrega consigo, a vida toda, apesar do peso gigante que a realidade vai adquirindo com o passar do tempo.

Esse tempo que passa e vai transformando tudo sem dó, não é capaz de mudar a inocência dos sonhos de menina. Eu disse que meu amor é eterno. Porque a realidade da vida e do tempo me dão certeza que ninguém poderá me fazer sonhar meus sonhos mais secretos de um jeito tão real.

Então digito teu e-mail. Fico cheia de inspiração - a dor ou a espectativa de uma nova paixão são as melhores, já notou? Mas você já me respondeu assim: "que bela e triste costura de palavras". Eu te impressiono, afinal. Mas te entristeço. Eu queria, ainda, ter o dom de te fazer sorrir. De despertar tua encantadora doçura, tua atenção de derreter e desmanchar até virar calda pra te envolver até os poros.

Mas você gosta de desafios. E sabe que não precisa muito pra me derreter. Por mais que eu gele, você sabe. Você sabe bem de mim, só que não é tudo. E foi engano achar que não me tenho tanto amor. Me perco, sim. Mas sempre me acho. E me amo desesperadamente.

22.8.06

garota do abc





Acabei clareando o cabelo. Eu criticava e, agora, deu vontade. O cabelereiro disse que ia ser como se eu tivesse passado um mês na praia. E não é que ficou mesmo um luxo? Eu gostei. Até meus amigos mais tradicionalistas aprovaram. Depois o o Décio, o cabelereiro, quis secar tipo fazendo escova, deixando liso, e eu tô só usando o cabelo revolto, ondulado. Acho cabelo liso assim meio de pat. Mas acabei deixando ele fazer liso também. Cabelo de rica!, ele falou. Mas não foi por isso que acabei gostando. Achei que tava diferente e mudar é sempre bom. Acho que é isso: um tantinho loura, um tantinho lisa, um tanto melhor, agora que também comecei a fazer ioga. Sim, eu to na moda: cabelo clareado, ioga e uma saia amarela rodada. Ah, um sapato dourado... Vixe! Parece que emperuei. Mas, acreditem, ainda sou uma perua meio mana, suburbana, de são bernardo, do rudjão. Ainda uso All Star e meus cabelos já estão rebeldes again. Ainda fumo e bebo. Ainda mordo a boca e fico dias com o esmalte descascado. Ainda falo véia, mana, vamo jascá. E ainda, sim, continuo amando drum'n'bass.

6.8.06



vire a esquina, dobre à esquerda, passe os obstáculos, faça o balão, desvie à direita, cruze a próxima entrada e siga em frente. não pare.

17.6.06

esse cara






quando chego no prédio, o vento desprende aquele perfume dos meus cabelos. na boca ainda o gosto de beck misturado com algo doce e cítrico. simples e mágico assim, como o caldo que se esparrama na língua na primeira mordida. inunda a alma de satisfação. sorriso claro, sem palavra me beija. mais sorriso, branco e perfeito. digo que gosto. gostei. quero. e ele dança o rap de cor, boné fincado tirando onda. dança na mesma temperatura, olha só, também sua nas mãos. abraço, no tecido fino da camiseta quase pele tão morena e músculos alongados no mar. uma fina corrente prateda no peito tão delineado. me faz olhar nos olhos, pede assim, olha aqui, gosto de você. não tem nem palavra, cantada ordinária, gata, nada disso, só me olhar e dançar no mesmo grau, tão suave e manso e tudo que eu queria, quando cheguei e vi. me deixa louca. embevecida. a veia saltada no pescoço. outro abraço e vejo tudo, sinto as costas, a cintura, o ventre. quero me livrar da roupa, noite sem fim naquela pele. nem te falo, atordoada. total. que cara foi esse?

12.6.06

tango






Sonhei que você ia embora. Que não me perdoava. Dizia "te amo" entre lágrimas quando acordei, assustada. Tenho é medo de te amar. Dá trabalho amar, é penoso o jeito intenso que eu amo. Mas quando começo a sentir teu cheiro na lembrança, quando sorrio no teu abraço, sua, deixo de pensar, então acontece. Uma merda qualquer, pode ser ou não de verdade, pode ser mal entendido ou vacilo mesmo. Acontece de separar você de mim. Meu amor por você se esconde. Ou eu me escondo dele. Medo que você também sente, porque sou difícil, eu sou foda. Faço um monte de besteira. Mas não é nada disso. Quer dizer, é isso. Mas porque sou medrosa. Porque você me enxerga. Porque tá tudo aqui e insisto em não mostrar. Porque você vê e quer que eu mostre. Porque sei que você me faz transbordar. Porque insisto na lama e em me danar. Porque tudo pode ser simples mas adoro complicar. Porque você também curte um drama, uma coisa meio tango, um beijo de despedida com meu batom 210 na esquina da Alfonso Bovero com a Caraíbas. Você me vê. Sabe de mim. Vou embora e não hesito em olhar pra trás. Já começo a te esperar quando some atrás da banca de jornais.

12.5.06

flores partidas
















Você podia ser minha amiga. Acalentou meu coração moribundo, desgraçado. Uma razão, entre muitas, pro meu ciúme achacado. Mesmo assim, como um anjo, falou ao meu ouvido, sopro de calor, consolo.
Respiração presa num susto, salguei a boca pra tirar o amargo. Cantei o mais alto que pude, sem desafinar, sem me importar com os vizinhos. A dor vibrando em meus bemóis e sustenidos.
Você, que me chama de flor, e assim é aclamada. Você, uma flor cultivada com carinho, minha aflição. Você, com esse precioso frescor de juventude, com o ritmo delicado da tua escrita, podia me fazer desabrochar denovo pra resplandecer beleza. Frágil ainda, mas cheia de vida, viço.
Não fosse esse amor teimoso, demente, podia ser minha confidente. Isso se já não fosse essa flor cobiçada. E se minhas pétalas já não tivessem sido quase todas, uma a uma, arrancadas. Bem-me-quer, mal-me-quer. Ainda assim, bem te quero.

7.5.06

augusta

festa

Tinha nome de flor. Os olhos profundos, verdes d´água.

_Já vai embora? toma alguma coisa, é de graça.
_Mesmo? Caipirinha, então.

Encarava adivinhando, logo sorria seus dentes imperfeitos. Sentadas, numa fileira. Algumas dançam. Outra mete a cara de um gringo entre os peitos negros, imensos.

_olha essa: a barriga maior que os peitos!

Ela repete a risada repentina, exagerada, pra logo calar com os olhos perdidos. guarda seu mundo num espanto que nem sabe que mostrou. E pergunta:

_Você tem namorado?
_não.
_Gosta de mulher?
_depende. e você, gosta?
_não.

Vem uma música melosa, cantada em italiano, dessas de novela. Duas mulheres se beijam sob o foco da luz. Tiram as roupas. Lambem-se nos peitos e na buceta. Uma, exuberante. Outra, bem masculina. Peitão e peitinho, bundão e bundinha. O show acaba. Começa um forró. Rose, no relógio:

_meu gringo tá esperando, são 2h30.
_então vai encontrar teu gringo.
_mas onde vocês vão? eu também vou.

Vai pro banheiro, ver se descola algum. Nada. Então vamos lá beber, ela diz. Caipirinha, então. Ela pede sangue de boi. Com gelo. Toca drum´n´bass. Ela ensaia uma dança de rebolar até o chão. Logo ri, desenfreada. Tomo mais uns goles, ninguém me vê. Estou invisível. Já Rose. Me chama pra dançar.

_vamos lá dançar no cano!
_ah, não, vai você.
_vaaaamos!

Me puxa. Resisto. Talvez com uma roupa mais apropriada. Ela de vestido curto, rodadinho. Sandália de salto. Dois sujeitos olham e riem. Eis que surge a proposta. Muito barato. Renegocia. E o gringo? Um espanhol por dois bolivianos.
Rose me olha com aquele céu dentro dos olhos, infinito inalcançável. Some na fumaça. A noite silencia.

3.5.06

recuerdos

cama de luz2

*No Rio, quando a gente foi pra Lagoa, depois voltamos pro hotel. Me fez de tua, de puta, de mulher. Conduzida como dama, segura pelas mãos, os pés e a cabeça.
*Quando voltou da Europa, ou de Nova York, só lembro que fazia tempo. Saudade. Te esperei cheia de vontade, apesar do meu cansaço, alguma madrugada editando ou coisa assim. Mas acendi as velas, pus a música e você chegou, com presentes, com teu abraço de apertar na medida. No fim, aquela coisa de não caber em mim, como se você pudesse se apoderar dos meus desejos, ler meu pensamento, respirar no meu tempo.
*E aquele dia, quando cheguei na sua casa, o mesmo abraço de enlaçar a alma, o chinês a caminho, meu sorriso imediato, só de estar ali. E quando me entrou na cozinha, com beijos de urgência. O mundo me escapou e os pensamentos evaporaram pra tuas mãos calarem.

16.3.06

dos sonhos

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Deu um cheiro no meu pescoço. Me olhou exatamente, falou devagar. Não teve beijo, mas foi melhor. Porque você me olhava de verdade. Falávamos tão perto que dava pra sentir o perfume do seu hálito, a quentura dele. E de um jeito tão doce você falava, nem sei o quê, coisas que talvez nunca vamos falar. Conversas que provavelmente não vamos ter, além de ois e tchaus com abraços que sempre me dão a impressão de durarem mais do que realmente importam.
Também pensei ter te visto na rua. E as borboletas se agitaram mais uma vez no meu estômago. Não era você, tudo bem. Porque o sonho que tua aparição me inspira lembra que meu coração tem ainda o poder de me levar a este universo fantástico, onde perder-se de encanto é achar a si mesmo.
Você me faz sonhar. E isso agora é tão importante que basta.

11.1.06

Menu - I

ondas
Raviolão de ricota com abobrinha e bacon no azeite aromático

Pra fazer tem que colocar a mão na massa mesmo, mas vale o esforço. O mais difícil é esticar a massa com aquele rolo de macarrão que é clássico. O ideal seria ter uma máquina, onde você passa a massa umas duas ou três vezes e ela sai fininha e pronta, já retangular pra fazer os cortes pro ravióli. Essa máquina se tornou meu mais novo objeto de desejo e já é uma promessa para 2006. Sim, porque descobri que fazer a massa em casa é uma delícia e dá mil possibilidades de criar formatos e recheios... E adoro inventar coisas na cozinha.
Mas não importa a máquina porque sem ela eu fiz raviolões, de mais ou menos 7cm, que ficaram irregulares, rústicos e achei bem legal. E como disse, fica uma delícia, e leve, e diria perfeito pra comer a dois: não vai pesar e os sabores mexem com os sentidos... também por causa desse tal azeite aromático que fiz, que vai alecrim e gengibre, duas coisas que amo. Não testei a receita para uma noite de luxúria, mas sei que é perfeita. Na verdade, preparei para minhas amigas audiovisuais e foi ótimo. Elas fizeram coisas maravilhosas também:
uma entrada deliciosa - catupiry com alho e salsa, pra comer com pão sueco ou torradinhas, que a Karina preparou; uma mega salada que tinha até figos (da Ananda) e uma sobremesa incrível que parece nada, mas é tuuuudo! Sorvete de Galak, que vem com pedacinhos de galak, com calda de framboesa + amora e framboesas frescas por cima...uh lá lá! Foi um jantar fenomenal e a gente ficou gemendo de satisfação a noite inteira... Mas voltemos ao raviolão.

Primeiro, deixe pronto o recheio-presente:
Foi aquele chef inglês figura, o Jamie Oliver, quem disse que o ravióli é um pequeno presente embrulhado. E você vai oferecer esse presente a quem julgar que merece... Portanto, o recheio deve ser feito no capricho.
Inventei esse com as coisas que tinha em casa, mas dá pra inventar outros tantos, e aí que está a graça.
Coloque um pouquinho de azeite extra-virgem numa panela média e doure um punhado de bacon picadinho com um dente de alho amassado. Jogue uma abobrinha, também bem picadinha (tire aquela parte central, que tem micro sementes) de deixe refogar um tantinho. Depois é so desligar o fogo e misturar umas 250g de ricota amassada com garfo. Para rechear o ravióli faça pequenas bolas dessa mistura com as mãos.

Bom, a massa:
Com apenas ovos e farinha você faz a massa. Uns 4 ovos pra meio quilo de farinha. Amasse com a mãos por um tempo, até que fique elástica. Aí chega a hora de botar força e abrir a massa com o rolo. Antes, divida a massa em duas partes pra ficar mais fácil. Guarde uma delas na geladeira, enrolada em papel-filme. Tente abrir a massa para deixá-la o mais fina possível, com uns 2, 3 mm de espessura.
Então é só cortar tiras e ir dispondo montinhos de recheio sobre elas. Com a ponta do dedo passe um pouco de água nas bordas da massa e cubra com outra tira parecida. Vá apertando, com carinho, pra que não fique nenhum ar dentro do ravióli e a massa fique bem grudada uma na outra. Então corte no espaço entre cada recheio pra ficar com os quadrados de raviolão.

Voilá! Basta ferver em água abundante com sal até que a massa fique tenra, se é que me entende. Quando estiver quase no ponto, comece a preparar o azeite aromático... Acho que com umas cinco colheres de azeite já rola. Tem que ser um azeite bonzão! Aqueça o azeite e jogue um bom ramo de alecrim fresco (compre na feira que sempre tem) de deixe fritar um pouco, pra ficar crocante. Na sequência junte meia colher de gengibre ralado. Se quiser, ponha mais alguma erva, como sálvia ou manjericão.

Com uma colher grande, que não seja de metal, vá pescando os raviólis e colocando diretamente na panela com azeite. Deixe escapar junto um pouco da água da massa para incorporar melhor tudo. Misture delicadamente... com calma, e espere uns instantes até achar que está suculento e que a massa já absorveu bem os sucos. Hummm. Tá prontíssimo! Sirva uns três raviolões por pessoa, pra começar. E decore o prato com pingos de azeite e um raminho de alecrim.

Depois me diz se não gemeu também.

desamorado

barra

A lua logo tá cheia. Imagina só a praia como vai ficar. A gente foi e a noite tava negra, até lanterna a gente usou. Mesmo assim podia ver que seu olhar não estava em mim. Na maioria das vezes não. Não diz que é besteira, que não é verdade. Apesar da escuridão eu via. E tudo que eu resplandecia se diluía nas coisas, nas pessoas, na areia. E nunca tinha visto dessa forma. Dois viraram todo mundo. Não tinha atrito, nem discussão. Não tinha paixão. Nem que a lua brilhasse com toda força. Nem o sol, o mar. Nada colore um amor desbotado.