14.4.08

a dor de Capitu




Esperei igual uma mulherzinha. Mandei recado, liguei. Quando já não havia mais nada na tv que me distraísse, me pus a ler contos de amor e ciúme do Machado. Li sobre a dor da Cat Power na Roling Stone. Me entretive. Mesmo assim mordia os lábios, buscava dentro da calcinha em vão. Nada me tirava o medo do coração. Me resignei e chorei umas lágrimas doces de amargura. Pensei, você não, você não pode me entristecer. Porque você sabe que a dissimulação e a incerteza do olhar de Capitu escondem, além da verdade impossível, fragilidade tácita.
Me rendi à cama. Apenas passar a noite, sem outra saída que não fosse amanhecer. Nove horas noto o ruído molhado dos carros. Meu celular apita suave e agudo, uma só vez. Eu tenho uma nova mensagem. A promessa de não mais me angustiar. Um novo dia e uma noite sem delonga. Quem sabe?