31.7.07

tudo assim

Fiquei ouvindo aquela música como uma prece. "É dia de te ver, que sorte grande".
E não é que deu certo?
***
Não tô conseguindo acordar. Meu quarto fica muito escuro, nem se nota quando amanhece. Atrasada. Não tenho horário, mas tenho chegado atrasada. Frio (vinho, beck, chocolate). Duro volver dos sonhos. Duro não lembrar. Essa noite tinha uma galera. Tinha você. E não sabia se você ia pra tal praia que todo mundo ia. Fui, na esperança. De vez em quando tem você. Se tem, não sei. Se não tem mais, já vem.
Tenho mania de relacionar palavras que eu digo com letras de música. E de repetir sempre a última palavra que disse numa frase. É irritante. Mas quem gosta de mim costuma assimilar esse traço esquizofrênico como uma graça. É que isso me dá tempo pra pensar. É que quando termino de falar já tô pensando em outra coisa. Desconexo. E muitas vezes não digo, porque já pensei demais. Tarde demais?
***
Meu coração ficou todo amarradinho. As palavras acuadas. É mesmo, meu amigo, uma grande confusão. Mesmo quando está tudo assim, calmo. O desejo é essa taça (a mais) de vinho.
***
Tem gente que pode viver assim, dando um pouco a cada vez, um pouco a cada um. E tem gente que não sabe dar se não for tudo, de uma vez. Porque distribuir assim parece injusto. Sempre alguém fica com menos. Culpa por não dar o tanto que se pode. Nunca é o suficiente.
***
Não pense que estou pensando isso. Não vai que pensar que. Deixa eu me explicar. Você pode fazer a idéia errada.
Confesso: não sei qual é a idéia certa. Não sei.
***
O vapor do chuveiro fez uma névoa. A espuma fez deslizar. A água levou tudo.

30.7.07

lei do desejo

lounge4

nada mais excitante.
judia. eu gosto. assim você me tem (sem ter).
vai. faz isso.
vira o jogo que eu me jogo.

mas vem. não demora.

25.7.07

frango ao curry

É quente, dá calor. Desperta até o sexto sentido. Inspira o sorriso, o suspiro. Ai. Come que é bom.
É pra ser apimentado, mas se você não aguentar... põe pouca pimenta, vai. Da malagueta. Chilli. Aquela bonita, compridinha, famosa. Agora vende solta no mercado, peguei duas e paguei oito centavos!
Para duas pessoas, pique uns 400g de peito de frango, meia cebola, azeite, gengibre ralado (uma colher de sopa), casca de limão siciliano ralada (uma colher de chá), um punhado de erva-doce, curry (uma colher bem cheia), uma pitada de pimenta do reino, sal a gosto, 1/4 da garrafinha do leite de côco. Ah, e a pimenta malagueta: corte ao meio e tire as sementes. São elas que ardem. Aliás, você vai ficar com as pontas dos dedos apimentadas, cuidado onde vai pôr o dedo depois.
Para acompanhar, faça arroz jasmim. Vende no mercado e as instruções vêm no pacote. É legal esse arroz porque dá uma aliviada no curry. Ele é levemente adocicado. Mas bem de leve mesmo.
Ok. Passe os pedaços de frango rapidamente na farinha de trigo e coloque na panela com azeite bem quente. Quando dourar, reserve. Na mesma panela coloque mais azeite e doure a cebola, junte o gengibre, a raspa do limão, a pimenta malagueta e o curry. Deixe um pouquinho para apurar e jogue o frango. Mexa com cuidado, com carinho. Jogue um pouco de água morna, mexa e tampe a panela no fogo baixo por uns minutinhos. Veja se formou um caldo consistente, brilhante, suculento. Pique a erva doce e misture ao frango com uma pitada de pimenta do reino. Por último, o leite de côco. Inspire o aroma... maravilha!
Sirva com o arroz jasmim. Dica: ele deve ser feito antes, se possível algumas horas. Caso não seja possível, faça primeiro o arroz (é rápido) e quando estiver pronto comece a fazer o frango.

*Para a sobremesa, asse banana prata, com casca, até que ela fique escura. Corte ao meio e povilhe açúcar a canela. Hummm, vai ficar um caramelinho. Aí é servir com sorvete de creme ou de chocolate.

E depois... um digestivo. Há.

18.7.07

dilema

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A esperança é a última que morre. Mas hesitei na hora do banho, gilete na mão: raspo ou não raspo? Não sei. Justo hoje eu tô assim, sem depilar. Raspo ou não? Mas aí fica coçando pra crescer. Melhor esperar até amanhã e ir na depilação. Mas e se hoje? Não, se for hoje tudo bem, fico no escuro, ele não vai se importar. Pô, mas eu vou! Não gosto de estar peluda assim. Bom. Não raspo. Quem disse que vai rolar alguma coisa? A esperança, ela é a última que morre. Mas fui tomada de descrença, conformismo. Caramba, eu quero ser uma boa moça.
Mas aí ele aparece, sozinho-inho. Me passa o beck, me pede massagem, me olha sorrateiramente, me diz sim sem dizer: é possível.
Uma das conversas embriagadas da noite: amor platônico é um amor esperançoso? Não, é conformado, eu acho. Sim, porque o fato de amar basta pra quem tem um amor platônico. Caso contrário, há esperança.
A esperança virou uma doidêra. Virou uma surpresa meio inacreditável. Um, “é mesmo? Mas o que tá acontecendo?” E até a gente chegar na porta de casa eu ainda fiquei pensando que ia te abraçar e você ia embora. Pensando que eu ia arriscar um beijo. E você quis entrar. Aí já sabia de tudo, mas não deu tempo de acostumar com a idéia. Justo hoje?
Eu querendo há tempos, chamando pra tomar café, vinho, chá, cachaça. Nada. Nem um refresco. Esquenta mas não queima. Eu querendo ser consumida até o pó.
Justo hoje?
A gente senta no sofá, fuma mais um tanto, bebe mais um gole e ele me beija. Fico tonta. Xixi, vou ao banheiro com essa desculpa, antes que desabotoe o botão da minha calça. Ele sentado, eu de pé. Tudo tão, tão... visível!
No banheiro me vejo no espelho, minha única amiga no momento. O que eu faço, heim? A gilete no box. Banho agora não dá, vai demorar. Até raspar tudo, o moço já dormiu.
Respiro fundo. Que besteira, vai que vai. Não tem mais jeito. Desistir, jamais. Não por causa de uns pelinhos.
Quero mastigar aquela boca, prende-la junto da minha, mas não tem jeito. Ela foge, escapa. A calça se vai. Os pêlos (porque?!) ficam. Foda. Não tem outro jeito, me agarro ao relaxa e goza. Mas, foda.
No dia seguinte, marco hora no salão. E aviso: te pego na saída.