flores partidas
Você podia ser minha amiga. Acalentou meu coração moribundo, desgraçado. Uma razão, entre muitas, pro meu ciúme achacado. Mesmo assim, como um anjo, falou ao meu ouvido, sopro de calor, consolo.
Respiração presa num susto, salguei a boca pra tirar o amargo. Cantei o mais alto que pude, sem desafinar, sem me importar com os vizinhos. A dor vibrando em meus bemóis e sustenidos.
Você, que me chama de flor, e assim é aclamada. Você, uma flor cultivada com carinho, minha aflição. Você, com esse precioso frescor de juventude, com o ritmo delicado da tua escrita, podia me fazer desabrochar denovo pra resplandecer beleza. Frágil ainda, mas cheia de vida, viço.
Não fosse esse amor teimoso, demente, podia ser minha confidente. Isso se já não fosse essa flor cobiçada. E se minhas pétalas já não tivessem sido quase todas, uma a uma, arrancadas. Bem-me-quer, mal-me-quer. Ainda assim, bem te quero.