31.8.07

resposta

cama de luz2

E-mail que nunca tem resposta. “Nunca” pode ser um dia, uma semana. Ou simplesmente nunca. Os motivos pra falta de resposta do e-mail, da sms, do msn, da ligação não atendida, são sempre os piores. Pelo menos nas possibilidades criadas pela nossa cabeça. Começa numa esfera sensata pra descambar nas mais terríveis idéias, induzidas por total carência, insegurança e insanidade moderna.
Primeiro você pensa, ok, não deu pra atender. Ou, ele não deve estar no computador agora. Será que a mensagem chegou? Às vezes demora, às vezes não chega, se mando outra pode parecer desespero. Espero. Vai ver não abriu o e-mail pessoal, devia ter mandado no outro. Pode ter deixado pra responder com calma. Era um e-mail bonito. Será que disse alguma merda? Será que não gostou? Talvez me ache uma idiota. Pode ser que tenha me precipitado, foi estúpido o que escrevi, sabia, lendo agora me parece tão bobo. Devia ter ligado em vez de mandar mensagem de celular. Agora tenho que esperar, mas se não chegou nunca vai ter resposta.
Olha que linda a carta da Ana. To até vendo ela em Amsterdã, com seus passos delicados, contemplativa. Vou responder depois, com calma, e dizer que li enquanto pintava as unhas de roxo. Hum, tem mensagem! Podia ser alguém, sempre penso isso. Por favor, não seja uma promoção da Tim... Esse cara, puxa. Será? Quero sair hoje não, to podre ainda da noite passada, dei pra caramba. Melhor não, outro dia. Ih, não tem crédito pra responder, depois ligo.
Nada do e-mail. Mas por que? Uma resposta qualquer, por consideração, podia dar! Me tornei patética? Que foi que eu fiz?
Ah, não. Agora não to a fim de falar com você, veja bem, o status é “ocupado”, o que me dá o direito de não responder, fingir que não to na mesa, tenho muita coisa pra fazer (ericatz* says: so 1 min, to entrando numa reunião)
- Alô? Então, to aflita... porque você não me responde?

27.8.07

tudo ou nada



















Prefiro o grito, a ousadia, a verdade. Prefiro escancarado, o dito e feito. Lágrimas, confissão, olho no olho. Prefiro o caos, o barulho. A fúria, o fogo. Prefiro o inferno.
O brilho ofuscante, o perigo eminente, sol escaldante. Antes arder, suar, chorar, berrar. Melhor sujar, lambuzar, quebrar. Prefiro o risco, o tombo, a cicatriz. Prefiro tudo a me danar por nada.

22.8.07

this is it?

não não não. vou dizer que não. mesmo que ele fale comigo daquele jeito, mesmo que me chame daquele apelido, curto, sonoro, pianinho. daquele jeito que nunca ninguém.
não. fico aqui bem quieta. vou fingir de morta. assim vai ser meu protesto. silêncio.
vai precisar mais que apelido pra me amolecer. talvez um novo. talvez mais que palavra.

14.8.07

achados e perdidos

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Achou um grampo dourado na cabeceira. Sim, ela usava grampos. Mas os cabelos eram castanhos, portanto, usava grampos marrons. Mas estava ali, um grampo dourado. Com certeza uma loura havia passado por ali. Havia soltado os cabelos e pousado sobre a cabeceira o grampo, despretensiosamente. É provável que já nem se lembre dessa cena, mas sim do que veio depois: Renato pegando seus cabelos, ela tombando a cabeça pra trás, um olhar fixo, longo, a boca oferecida. Depois de um beijo, ele senta na cama e pede que ela tire a calça – mas deixe a calcinha, ele diz. Gosta de calcinhas. Fica a olhar, soberano e demente. A vira de costas pra alisar a bunda, apertar as polpas, boca aberta. O safado com certeza meteu a cara ali, lambuzou-se. Ficou horas virando e revirando a moça loura, cada vez de um jeito, incansável. Ele era assim. As garotas apelidaram. Incansável. E não era aquele treco chato de cara-que-nunca-goza e dá uma aflição. Era como dia na praia. Você deita no sol, dá um mergulho, deita no sol denovo, deita na sombra, dá uma volta, toma uma cerveja, come um queijo coalho, deita no sol, dá mergulho... assim vai, sem cansar, até se fartar e voltar pra casa.

Um grampo dourado. Renato no banho. Ela descabelada na cama amarrotada. Seu grampo marrom. Onde foi parar? Se levanta. No espelho grande que tem na porta do armário vê que o cabelo ta uma droga. O grampo! Procura na cama, embaixo dos travesseiros, no chão. Nada. Na mesa de cabeceira, só o brilho dourado do gancho de metal da loura. Pensa em largar o seu por lá. Haveriam outros? Mais grampos e presilhas, elásticos? Que se dane. Mira a mesinha de cabeceira. Tem uma pequena gaveta. Deve ter camisinha, bilhetes, KY? Se debruça na cama e abre devagar. Fotos, camisinhas (sim), um livrinho de orações. Quando remexe um pouco, se depara com um monte de grampos espalhados no fundo da gaveta.

A mesma cena se repete na sua cabeça, cada vez com uma mulher diferente: Renato pegando seus cabelos, ela tombando a cabeça pra trás, um olhar fixo, longo, a boca oferecida. Tem marrom e tem dourado. Pega um, prende as madeixas embaraçadas num coque. Veste a calça, a regata preta fedendo a cigarro, o sapato de oncinha. Bate na porta avisando que está atrasada. Na rua, os olhos borrados do rímel, lamenta a falta dos óculos escuros. Em casa, tira a roupa pro banho e lembra: a calcinha. Deixou em algum lugar do quarto a calcinha azul royal. A favorita. Imediatamente fica tranqüila. Ele deve guardar, afinal de contas. Numa gaveta especial, com cores e modelos sortidos.

13.8.07

sick and tired

eleela2 007

de sim, de não. de ressalva. previamente programado. pra não ir. cadê aquele cara incansável pra me levar? pra longe, pro mar, pra arder. cadê? e o que eu quero, ninguém pergunta? é só me dá me dá me dá. eu também quero, sabia? to fodidamente apaixonada. adivinha? não posso ter. não quero. quer saber? perdi o tesão. isso mesmo. nada de sacanagem. muita putaria deu nisso. pronto. enjoei.

2.8.07

me, drum and bass

fecho os olhos. o baixo vibra, lá embaixo. talvez estejam me olhando. danço. sentada, mas danço. baixo, bateria. baixo (é aí que faço biquinho de dummmmm). faz tempo que não me jogo na pista e me entrego. alone. leave me. certas coisas uma garota só pode fazer sozinha.